Poeta vende livros presos nos galhos secos de
uma árvore, em Padre Miguel.
Chegou a hora da colheita em Padre Miguel. E de frutos que alimentam a mente. Ricos em conhecimento, eles foram plantados em forma de versos nas páginas do livro de poesias "Mar de Nós", do escritor Darlan de Andrade. A publicação "brota" em galhos mortos, presa por cordas e exposta para a venda.
— Antes da árvore, a venda era muito fraca porque não havia exposição, nem divulgação. Lancei o livro de forma independente, com a ajuda de amigos. E um deles, o Marcos Silveira, publicitário, deu a ideia (de pendurá-los na árvore) — diz.
Seca há mais de cinco anos, a árvore começou a frutificar versos de amor e de questões sociais. A primeira safra traz 90 poesias, em 148 páginas de livro.
Para sustentá-los, a árvore recebeu folhas de papel alumínio e até mangueiras pisca-pisca. E a publicação foi revestida com uma capa de plástico, contra a ação do sol e da chuva.
— Mas é preciso trocar o plástico sempre — detalha Darlan ao pé da árvore, na Rua Sofia, no Ponto Chic.
— Todo mundo que passa aqui admira a árvore — diz o comerciante Waldyr Quirino, que ajuda vendendo o livro em sua loja.
Poesias lidas pelo escritor Antonio Olinto
Nascido e criado na Vila Vintém, o escritor Darlan de Andrade também planta na árvore as edições do seu primeiro livro de poesias, batizado de "Árdega". O título foi extraído do prefácio, assinado pelo escritor Antonio Olinto, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), que morreu em 2008.
— Um amigo me apresentou à secretária do professor Antonio Olinto e eu deixei com ela as poesias. Três meses depois, ela me chamou. Recebi o prefácio assinado por ele.
Fonte: Jornal Extra.